terça-feira, 18 de novembro de 2008

CEO do Futuro

Um dia eu chego lá
Conheça os 12 escolhidos pelo programa CEO do Futuro deste ano e entenda o que faz deles grandes candidatos a ocupar a cadeira da presidência.

Da esq. para a dir., 11 escolhidos do programa CEO do Futuro: Paulo Dias, Rafael D'Ávila, André Gomes, Marcelo Miranda, Marcelo Macedo, Giorgio Horsky, Maurício Sartori, Marcelo Gonçalves, Wagner Schneider, Carlo Mantovani e Jeferson Fernandes.
Sociável, participativo, intelectual -- ou seja, reflexivo e racional -- e focado em tarefas. Exatamente nesta ordem, essas qualidades compõem o perfil de liderança que serviu de parâmetro para a escolha dos CEOs do Futuro deste ano. O programa, em sua sexta edição, é resultado de uma parceria entre a revista VOCÊ S/A, a Korn/Ferry International, uma das maiores empresas de seleção de executivos do mundo, e o Pro-Futuro, programa da Fundação Instituto de Administração (FIA), ligado à Universidade de São Paulo (USP). O objetivo é identificar jovens executivos com talento para chegar à presidência de uma empresa. Para escolher os 12 profissionais que você verá a seguir, a equipe envolvida no projeto faz uma série de testes, todos gabaritados pelas pesquisas e estudos desenvolvidos pela Korn/Ferry. "Esse perfil, traçado de acordo com estatísticas globais, é um bom exemplo das características do líder que as empresas procuram", diz Sergio Averbach, presidente da Korn/Ferry no Brasil. Na primeira fase da seleção, os inscritos tiveram seus currículos analisados pelos consultores. Na segunda, responderam a um teste de assessment, que avalia estilo de gestão, comportamento ético, flexibilidade, capacidade de tomada de decisão. É daí que se tira o perfil citado no início deste texto. Essa batelada de "exames" não foi a única prova pela qual nossas apostas para um futuro não muito distante passaram. Para estar na final, os 27 executivos selecionados para a última fase foram entrevistados por headhunters, jornalistas e professores envolvidos no projeto. Este ano, foram 12 escolhidos. Os melhores em uma turma de 218 inscritos. No final, tiveram de estabelecer uma relação de empatia com os entrevistadores. Nesse momento, além de entender melhor as conquistas de carreira de cada um, os entrevistadores buscam evidências práticas do perfil participativo e social dos candidatos, ou seja, a capacidade de envolver as pessoas no processo de decisão. "No final da entrevista, ouvi da consultora da Korn/Ferry uma conclusão muito bacana sobre o meu perfil de liderança, em relação à maneira como, naturalmente, sempre envolvi as pessoas. Foi um retorno enriquecedor, considerando que vem de uma profissional especializada em selecionar ótimos executivos", diz Jeferson Fernandes, gerente de planejamento logístico da Unilever. Jeferson e seus 11 colegas entraram para a lista de talentos da Korn/Ferry e, no mês que vem, irão participar de um curso de liderança criado especialmente para o projeto pelo Pro-Futuro. O curso também está aberto ao público. Uma chance de pensar o futuro com quem já está com um pé nele.
E as mulheres?
Neste ano, nenhuma mulher esteve entre os aprovados. Esta é a segunda turma de CEOs do Futuro que não teve nomes de mulheres na lista. No ano passado, três executivas de sucesso, entre elas Vanessa Torres, da Vale do Rio Doce, que hoje está no Canadá participando do processo de incorporação da Inco. "As mulheres têm o desafio de equilibrar papéis em casa e no trabalho, mas os empregadores não fazem diferença entre sexos", diz Sérgio Averbach, presidente da Korn/Ferry. Elizabeth Peart, que esteve na primeira edição, em 2001, e hoje preside a fábrica de chocolates Hershey's no Brasil, engrossa o coro. "Se houve preconceito, nem parei para olhar", diz. Ela admite, no entanto, que há momentos de mais vagareza na carreira feminina. "Há fases em que estamos mais ocupadas com os filhos, mas hoje os homens também passam por isso. É necessário escolher do que abrir mão na hora certa."
A pergunta CERTA O presidente da Korn/Ferry no Brasil, Sergio Averbach, dá o caminho das pedras para quem está com os olhos na cadeira do chefão.
O que mais se espera hoje de um executivo? Acho que é a capacidade de melhorar seu próprio desempenho sempre. O que se espera dos jovens executivos é que eles tenham uma agressividade positiva que os ajude a produzir. Ainda mais importante que isso é a capacidade de comparar passado e presente e entender o que é possível mudar e onde se deve mudar. É bem mais importante, por exemplo, do que se comparar com os colegas. Para quem quer ter sucesso e quer chegar aos altos postos nas empresas, eu digo que é essencial melhorar constantemente a si mesmo e desenvolver seus pontos fortes. Isso vale para quem está nas posições mais altas do organograma. É o mesmo conselho que eu daria para um diretor ou para um presidente.
E como se faz isso? Há um caminho mais fácil: fazendo as perguntas certas para todos com quem você trabalha. Para o chefe, para quem trabalha ao seu lado, para os subordinados. Enfim, faça uma avaliação 360 graus de você mesmo -- e coloque-a em prática.
Quais são as perguntas certas nesse caso? São aquelas que podem gerar um bom retorno, um feedback que ajude a melhorar seu desempenho. Faça as perguntas que realmente interessam para você melhorar o que está ruim e desenvolver seus pontos fortes. E, além de fazer as perguntas certas, fique atento, de verdade, às respostas. Não retruque, deixe o "entrevistado" falar, não pense em defender-se, o que é muito natural. Ouça e reflita. Você pode não concordar, mas vai descobrir como as pessoas realmente enxergam você. Entenda que são realmente poucos os profissionais que já têm perfil de liderança e influência de líderes naturalmente. A grande maioria desenvolve isso a partir do que aprende durante a carreira.
Há algum estudo que indique quais as qualidades mais desejadas em um presidente? Estatisticamente, pelo que chamamos na Korn/Ferry de competências de liderança, é o estilo fortemente social e participativo. Ele envolve a todos no processo de decisão e influencia as pessoas por meio desse envolvimento também. Outro ponto é o estilo de decisão: como ele busca informações e sobre quais bases toma as decisões? Um executivo que consiga construir uma visão de futuro para a marca e para o negócio sai ganhando. Não estou falando de planos extensos, mas de planos robustos e racionais, de soluções criativas para problemas comuns enfrentados pelas empresas. As companhias precisam de um repertório vasto de iniciativas, e isso exige planejamento e capacidade de priorização.
Falando de educação e formação, o que é fundamental ter no currículo antes de sentar na cadeira da presidência? Normalmente, o currículo acadêmico é menos importante do que os resultados, mas a base educacional é fundamental para que os profissionais entendam os conceitos apresentados pela alta direção. Eu incluiria uma formação em finanças, independentemente da área de atuação. Todo mundo tem de fazer uma análise correta do retorno sobre investimento, até mesmo quem está no departamento de marketing ou de recursos humanos. Aliás, conhecimentos de marketing e de planejamento estratégico também são altamente recomendados. Não precisa ser necessariamente um MBA, pode ser uma pós. Nem sempre vale a pena passar dois anos fora da empresa para cursar um MBA. Às vezes, o conhecimento prático acaba contando mais. Quem puder investir num MBA de primeira linha, como os melhores internacionais, claro que terá um ganho de conhecimento maior.
Existe limite de idade para tentar o posto de CEO? Posso dizer, com certeza, que uma pessoa de 40 anos ainda tem muito potencial para isso. Mesmo porque a idade dos profissionais está avançando no mundo todo. Idade não é problema, desde que o profissional mostre que não parou de crescer e atingiu pontos importantes na carreira até o momento. Mas, se com 42 anos não teve conquistas importantes, vai ficando um pouco mais difícil, é verdade. Se esse não é o caso, não importa se tem 40 ou 48.
Fonte: Revista Você S/A
Por: João Marcos Pinto - 20770056

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